Pesquisadores mexicanos da Universidade Autônoma de Puebla (UAP) anunciaram grandes descobertas na Pirâmide de Cholula, a considerada maior estrutura desse tipo do mundo.
Maquete da pirâmide de Cholula removendo parte da terra e detrutos que ao passar dos séculos florestais acabou por parte da estrutura.
A Pirâmide de Cholula fica na cidade de San Pedro Cholula, no México, e estima-se que foi construída no início da era pré-hispânica, cerca de 2200 anos atrás. Porém a edificação foi composta por fases, cada qual separada por séculos, o que faz a datação de sua idade, um tanto complicada.
A equipe de arqueólogos, liderada pelo pesquisador mexicano Rafael Escamilla, descobriu dois novos túneis subterrâneos na pirâmide, além dos já mapeados, porém não muito importantes anteriormente. Os túneis são conhecidos como Cabeças de Serpês e se estendem por cerca de incríveis 50 metros abaixo da superfície. Outro achado que deixa o fato ainda mais interessante é que foram descobertas várias inscrições antigas estampadas nas suas paredes.
Túneis já foram descobertos antes, porém os achados atuais são recentes e compõem novos fatores que aumentam os mistérios históricos que envolvem essa fenomenal estrutura asteca.
Além dos túneis, os pesquisadores descobriram três estruturas de pedra que são conhecidas como Circulares. Estas estruturas circulares também possuem inscrições que supostamente foram cravadas ali na época da construção, todavia, a impossibilidade de saber exatamente se foram estampadas no momento da construção dos túneis, ou das camadas superiores que compõem a construção, deixa os pesquisadores intrigados.
Ao investigar os detalhes das inscrições, a equipe descobridora levanta a hipótese de que as estruturas subterrâneas foram usadas como parte de rituais religiosos, haja vista o cunho das inscrições e iconografia do conteúdo das marcas nas paredes, porém, o significado exato das ainda é desconhecido.
Contudo, algo é certo. Estes novos túneis e passagens, revelam mais sobre a antiga cultura asteca e seu sistema de construção que anteriormente era sabido. Além da possibilidade dessas passagens também serem uma forma de fuga fácil e oculta de qualquer ocorrência, perigos que pudessem acontecer fora da pirâmide, os arqueólogos não descartam a perspectiva que a finalidade se multiplicasse em razões, podendo ser túneis com múltiplos propósitos, unindo tudo em um todo.
Pirâmide de Cholula, ou também conhecida como Tepanapa, México, é a maior do que as famosas pirâmides do planalto de Gizé juntas. Imagem de Ronald Woan/ Flickr
Portanto, as novas descobertas na Pirâmide de Cholula proporcionam uma visão única do passado asteca. Embora muito ainda precise ser transcrito, traduzido, interpretado e descoberto, este achado ajuda a trazer à luz um passado antigo e misterioso que envolve uma das maiores pirâmides do mundo. A equipe de pesquisadores e arqueólogos pretendem continuar investigando o local para desvendar novas informações sobre a história da cultura asteca.
Ademais da descoberta dos túneis e estruturas circulares, existem muitos outros fatos interessantes e enigmáticos sobre a Pirâmide de Cholula. Uma das principais características da estrutura é sua construção de forma gradual, o que significa que foi concebida em fases, camada por camada, levando mais de mil anos para ser completada e, possivelmente, a cada fase uma concepção e até objetivo diferente era empregado para que a nova proposta tomasse vida. Gerações usavam as instalações até que em determinado momento, novas mentes e a evolução cultural e social enxergou a demanda de sobreposição construtiva, e assim era feito.
Outro fato incrível é que a pirâmide também é conhecida como "Tepanapa" ou "Cidade dos Deuses" em tradução direta. E é considerada a maior pirâmide do mundo, com uma área de cerca de 450.000m². Além do seu design peculiar, pois tem uma estrutura de quatro níveis, cada um medindo cerca de 80 metros de altura. De fato, um monstro das Américas.
Gravura da Pirâmide de Cholula, ou Tepanapa, em seu auge construtivo e sem a perda estrutural de parte de seus pisos laterais. Também conhecida na língua asteca como Tlachihualtepetl – náuatle, significa Montanha Feita à Mão, complexo localizado mais exatamente em Cholula, Puebla, México. Simplesmente o maior sítio arqueológico de uma pirâmide, ou templo, das Américas, bem como a maior estrutura piramidal já registrada no mundo.
Dentre os achados em Cholula, incluem estatuetas do tamanho suficiente para segurar em uma mão, cerâmicas peculiares dos astecas, restos de pertences religiosos, adornos corporais, entre muitas outras peças antigas. E por mais que a pirâmide seja uma anciã em termos arquitetônicos e construtivos em seu nascimento, as peças puderam ser datadas, e apontam para apenas um período apenas, cerca de 1600 a.E.C., indicativo que o povo asteca durante sua adoração aos deuses não permitia reminiscências dos costumes e adoradores anteriores.
Apesar de ter sido descoberta, ou redescoberta, há muitos séculos, a Pirâmide de Cholula só recentemente foi reconhecida como uma das principais maravilhas arqueológicas do mundo, pois seu tamanho e complexidade a tornam única. Sendo então este, um dos maiores motivos que justificam até hoje ela ter verba dedicada para mais análises, estudos e escavações, por parte dos governos.
A pirâmide continua a ser sondada até os dias atuais e os arqueólogos acreditam que há muito mais ainda por descobrir sobre o passado desta grande estrutura.
FONTES
Gutiérrez, D., & Pérez, G. (2021). Novas descobertas na Pirâmide de Cholula. Arqueolandia, 17(1), 85-95.
Gallagher, C. (2021). O significado dos mistérios da Pirâmide de Cholula. História Hoje, 10(1), 46-48.
Castañeda, C. (2020). O legado asteca na Pirâmide de Cholula. História Colunável, 13(2), 21-24.
Maik Bárbara