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  • Foto do escritorMaik Bárbara

Homo Sapien: e como a Pele Branca Surgiu?

A primeira característica fenotípica que imaginamos ao pensar em uma pessoa europeia é a pele branca. E esse traço biológico se tornou tão relevante para nossa sociedade que seria, e é, até hoje motivo para a propagação de preconceitos e teorias eugenistas em diversos lugares do mundo. O branco de certa forma se tornou a cor neutra e oficial da espécie humana, pregando que o homo sapiens é branco e protagonista, e as outras etnias seriam apenas coadjuvantes. Ledo engano.

A história da evolução humana é marcada por uma notável diversidade de etnias e variações de cores de pele. Ao longo dos últimos 400 mil anos, desde os primeiros hominídeos até os dias atuais, testemunhamos a emergência e a dispersão de diferentes grupos étnicos pelo globo, cada um com suas características físicas únicas, em geral devido ao meio ambiente em que vivem. Aqui exploraremos a evolução da cor da pele humana, desde as primeiras etnias de pele escura até a recente colocaram denominada como branca.


E para fica ainda mais claro, a palavra ‘eugenia’ derivada do grego e "bom em sua origem ou bem nascido", e cunhado originalmente por Francis Galton em 1883, lida com um suposto conjunto de ideias baseadas em um tipo de ciência marginal que almeja a melhoria genética dos seres humanos, porém para um fim que se mostra duvidoso e pendente para lados políticos ou racistas. O termo trará diversidade e aponta que raças superiores e de melhores estirpes conseguem prevalecer de maneira mais adequada ao ambiente. Por vezes, houveram tentativas de aplicar a teoria da seleção natural de Charles Darwin à espécie humana, pendendo sempre para lados duvidosos, por vezes eurocêntricos, outros acrocêntricos e distorcendo fatos para corroborarem com narrativas incongruentes.


Etnias e Variações de Cores de Pele

As primeiras etnias humanas que surgiram há aproximadamente 400 mil anos eram predominantemente de pele escura. Estudos arqueológicos e paleogenéticos revelam que nossos parentes próximos, tal como o Homo heidelbergensis e o Homo neanderthalensis, possuíam pele escura como um traço de adaptação aos ambientes em que viviam. É apontado que a melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele, oferecesse proteção contra a radiação ultravioleta do sol, comum em regiões próximas ao equador onde esses grupos se estabeleceram inicialmente.

Lembrando que em determinados momentos da variação homo de hominídeos vivemos todos em paralelo, ou seja, a espécie remanescente hoje, homo sapiens sapiens e as demais, finalizando o ciclo de paridade de coexistência como o homo de neanderthal, até onde a ciência tem dados atualmente.

Essa coexistência gerou cruzamentos entre espécies e descendentes como um mix de genes que carregamos até os dias atuais, tendo regiões e populações inteiras de determinadas localidades de mundo cerca de 4% de seu genoma composto por genes de neandertais.

Fatores como o acima exposto são fundamentais para compreender o caminho tomados pelas diferenciação da concentração de melanina distribuída pelos corpos que determinam certo tom de pele ou não.


Migrações e Adaptações Genéticas

Com o passar do tempo, diferentes grupos humanos começaram a migrar para regiões com diferentes níveis de exposição solar. Essas migrações levaram a adaptações genéticas durante as gerações que seguiram, o que entre muitas diferenças resultaram em variações na cor da pele. Num exemplo simples, à medida que os humanos modernos se dispersavam para regiões com menor exposição solar, com menor radiação solar chegando ao ponto que o eixo da Terra expõe mais ou menos a superfície do globo, tal como a Europa, partes da Ásia, e hemisfério norte em geral, o que promoveu a diminuição da pressão seletiva para a produção de melanina. Isso resultou em mutações genéticas que reduziram essa produção, levando ao surgimento de indivíduos com pele mais clara. A procriação e milênios de coexistência levaram aos resultados que vemos hoje, a predominância de tons claros de peles.

Se o homo de neandertal não estivesse extinto nos dias de hoje, a imagem acima expoe muito bem como seria a coloração de pele e suas feições, assim como compara com a paleta de cores que compoem a diversidade de colocação étnica atual. IMPORTANTE: entenda ÉTNICA como, palavra que designia os habitantes de uma região e;ou é relativo a eles.


Fontes de estudos científicos confirmam que a variação na cor da pele é determinada por genes específicos. E parte das determinantes ditadas por esses estudos genéticos identificaram variantes genéticas, como o gene MC1R, que desempenham um papel essencial na regulação da produção de melanina e na imposição da cor da pele. Essas mutações ocorreram ao longo do tempo, à medida que os grupos humanos se adaptavam a diferentes ambientes ecológicos.


Diversidade Étnica entre Hominídeos

É importante ressaltar que a diversidade étnica e variações de cor da pele não são exclusivas dos humanos modernos. Como citado antes, os hominídeos da variação Homo, como os neandertais, também apresentavam distinções étnicas e variações de cor de pele. Análises genéticas recentes feitas em ossadas encontradas que conservaram DNA mitocondrial nos deram um panorama amplo do passado dessa espécie, mostrando que os neandertais tinham uma pele mais clara do que os humanos modernos e indo em contramão do consenso pragmático que as exposições em museus e representações gráficas em livros de histórias têm hoje. Era clara, um pouco mais escura do que as populações de ascendência europeia contemporâneas, porém não era escura como se especulava no meio científico, tal como o tom de pele de populações que viveram e vivem ainda em regiões equatoriais abundantes de sol e com a necessidade da proteção natural da colocaram mais escura.

O genero é homo, a subespécie é sapien sapien, e a cor depende dos seus antepassados e de onde eles viviam.


Em suma, a trajetória da variação da cor da pele humana ao longo dos últimos 400 mil anos é um reflexo complexo das migrações, miscigenação genética, somados com as adaptações genéticas que ocorreram durante esse período e regiões. A pele escura inicial dos primeiros grupos humanos deu lugar a variações de cores mais claras à medida que os humanos se dispersavam por diferentes regiões do mundo. É importante enfatizar que a diversidade étnica e as variações de cor da pele são apenas diferenças superficiais que surgiram como adaptações às condições ambientais específicas. No entanto, todos os seres humanos compartilham uma ancestralidade comum e são membros de uma única espécie, o gênero homo sapiens sapiens.

Todavia, devido ao ponto que a sociedade está hoje de ignorância e preocupação com as coisas erradas, talvez seja hora do corpo científico repensar o conceito e remover o duplo “sapiens” e voltarmos um pouco no tempo sendo apenas homo sapiens.

Por Maik Bárbara



Fontes

Jablonski, N. G. (2012). The evolution of human skin and skin color. Annual review of anthropology, 41, 387-408.


Liu, F. et al. (2015). The population history of northeastern Siberia since the Pleistocene. Nature, 570 (7760), 182-188.


Skoglund, P. et al. (2017). Reconstructing prehistoric African population structure. Cell, 171(1), 59-71.)

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