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  • Foto do escritorEdson Almeida

Pseudo-história e o Efeito Dunning Kruger

Atualizado: 1 de nov. de 2023


Na internet cruzamos diversas vezes com propositores e defensores da história/arqueologia alternativa. Eles se embasam em alguns pontos para afirmar que o consenso histórico está produzindo mentiras, que os professores acadêmicos estão errados, e mentindo sobre a "Verdadeira História da Humanidade". Neste estudo, analisaremos alguns destes pontos.


Na área histórica e arqueológica, existe desinformação em todas os cantos, em livros, no Youtube, no Netflix e outros.

A pseudo-história é uma narrativa falsa ou distorcida da história que é apresentada como verdadeira. Isso pode incluir teorias conspiratórias, negacionismo, alegações de que civilizações antigas eram muito mais avançadas tecnologicamente do que pensamos, entre outras coisas. Aqueles que propagam a pseudo-história muitas vezes se baseiam em evidências fracas e questionáveis, mas são capazes de persuadir outros por meio de retórica hábil e se aproveitando da falta de conhecimento de causa do público.

Levando o parágrafo acima em consideração, conheceremos o efeitos Dunning Kruger, que afirmo com categoria, está presente em 90% do público. Afirmo pois já comprovei tal fato de acordo com minha página @contextologia no Instagram, a qual conto com mais de 12.000 inscritos. É nítido que a grande maioria do público, pertencente as mais diversas áreas profissionais, as vezes quer saber mais do que o profissional que trabalha com aquele assunto diariamente.


O efeito Dunning-Kruger é um fenômeno psicológico em que pessoas com pouco conhecimento ou habilidade em uma determinada área tendem a superestimar sua competência e habilidade nessa área. Essa superestimação geralmente ocorre porque as pessoas não têm conhecimento suficiente para reconhecer suas próprias limitações, o que pode ser especialmente perigoso quando aplicado à história e arqueologia.


Este fenômeno psicológico torna as pessoas mais suscetíveis à "pseudagens", aqueles que sabem pouco sobre um assunto, mas acreditam que têm conhecimento suficiente, serão facilmente persuadidos por argumentos enganosos ou teorias conspiratórias que parecem explicar tudo. Eles não têm expertise para reconhecer os problemas com essas hipóteses fracas, ou para entender como os historiadores e arqueólogos profissionais abordam as evidências, e pelo que percebi, muitos nem sequer entendem o que é uma evidência, e acabam confundindo com inevidência.

A propagação da pseudo-história pode ter consequências graves para a sociedade. Em primeiro lugar, a disseminação de informações falsas pode levar a decisões erradas ou prejudiciais. Por exemplo, se as pessoas acreditam que o Holocausto nunca ocorreu, elas podem não levar a sério as ameaças de genocídio ou não se preocupar em proteger minorias vulneráveis. Da mesma forma, se as pessoas acreditam em teorias da conspiração sobre vacinas, elas podem optar por não se vacinar, colocando a si mesmas e a outras pessoas em risco de doenças graves.

Como vemos, não é só na história e na arqueologia que existe a famosa "pseudagem", mas em todas as áreas, principalmente na Ciência. Além disso, a propagação da pseudociência pode minar a confiança nas instituições e científicas, e no caso da história, minar a confiança nas universidades e laboratórios que trabalham há séculos para nos trazer as informações mais seguras e confiáveis sobre o passado que temos.

Se as pessoas passam a acreditar que as instituições estão escondendo a verdade, elas se sentirão alienadas e desconfiadas em relação aos dados que a humanidade colheu por tanto tempo, e isso pode levar a um declínio na participação cívica, na cooperação social e na disposição das pessoas de se envolver em questões acadêmicas, e consequentemente, teremos um futuro com mais informações falsas do que temos hoje.

Imagine, se mesmo com todos os filtros e métodos científicos, ainda existem livros de ficção que são levados como verdade por muitos leitores, imagina se não houvessem tais filtros? Estaríamos buscando fadas, orcs e goblins em nossas florestas, pois, quem iria filtrar e separar o mito/ficção da realidade?

Infelizmente, a Internet tornou muito fácil para os propagadores da pseudo-história alcançarem grandes audiências. Aqueles que desejam disseminar informações falsas podem criar sites ou vídeos atraentes que parecem credíveis e convincentes, mas são na verdade baseados em falácias questionáveis ou falsas e aqueles que estão menos familiarizados com a história são facilmente convencidos por esses argumentos.

Para combater a pseudo-história, os historiadores profissionais precisam continuar a trabalhar para expandir o conhecimento sobre o passado, divulgando novas descobertas e ajudando a identificar e corrigir informações falsas, porém, você que não é historiador, também pode ajudar nesta batalha contra a desinformação! Abaixo estão algumas estratégias eficazes que podem ajudar a prevenir a disseminação de informações falsas e a ajudar na promoção da compreensão mais precisa da história.

  • Educação: A educação é a chave para combater a pseudo-história. É importante ensinar aos jovens as habilidades necessárias para avaliar a qualidade e a confiabilidade das informações que encontram. Isso inclui ensiná-los a distinguir entre fontes confiáveis e não confiáveis, a pesquisar informações por conta própria e a avaliar criticamente as informações que encontram, você não precisa ser professor ou historiador para fazer isso, sendo uma pai, mãe, irmão ou amigo, você já pode fazer isso por alguém.

  • Revisão por pares: A revisão por pares é um processo importante para garantir a precisão da informação. Aqueles que se dedicam à pesquisa e ensino da história devem publicar seus trabalhos em periódicos revisados ​​por pares e livros acadêmicos. Dessa forma, a informação é avaliada e verificada por outros especialistas no campo. Se você não é acadêmico, não existem problema, a revisão por pares pode ser feita entre você e um amigo, basta a dupla combinar de pesquisar o resultado final de suas pesquisas separadamente, e após isto, reunir-se e apresentar os dados colhidos. O que bater nos dois, passa na revisão em pares, o que não bater, não passa.

  • Jornalismo de qualidade: O jornalismo responsável e de qualidade é essencial para garantir que as informações sejam precisas e confiáveis. Os jornalistas devem ser críticos ao avaliar fontes e informações, e devem sempre verificar os fatos antes de publicá-los, porém, sabemos que a maioria deles prefere manchetes sensacionalistas, pois sabem que atrairão mais público. Aqui não queremos quantidade, sim qualidade.

  • Combater a desinformação online: A desinformação online é uma grande fonte de pseudo-história. É importante que as plataformas de mídia social e outras empresas de tecnologia trabalhem para combater a desinformação online. Isso pode ser feito por meio de algoritmos que identificam informações falsas ou por meio de equipes de revisão humana, porém, você também, como usuário de tais redes sociais, pode e deve combater a desinformação, afinal, será o conhecimento de seus filhos que estará em jogo se você não o fizer.

  • Promover a alfabetização midiática: A alfabetização midiática é a capacidade de avaliar criticamente a mídia e entender como ela funciona. Ensinar alfabetização midiática pode ajudar as pessoas a avaliar as informações que encontram, a entender como as informações são apresentadas e a reconhecer a desinformação.

  • Desafiar a pseudo-história: É importante desafiar a pseudo-história quando ela aparece. Isso pode ser feito por meio de fóruns públicos, como debates, palestras e fóruns online. É importante que as pessoas sejam capazes de apresentar fatos e evidências para apoiar suas posições e desafiar as informações falsas, consequentemente, mostrando ao público que tal hipótese não se sustenta, sequer utiliza o método científico.

  • Valorizar a história e seus profissionais: É importante valorizar a história e os profissionais que se dedicam à pesquisa e ensino dela. Isso pode ser feito por meio do apoio à pesquisa acadêmica, ao ensino da história nas escolas e à promoção da conscientização sobre a importância da história na compreensão do mundo.

Último ponto e mais importante de todos: Não se deixe levar pelo efeito Dunning Kruger! Entenda suas limitações, aceite que alguém que trabalha diariamente com um assunto, óbvia e logicamente tem mais conhecimento neste assunto do que você, que apenas gosta de ler ou ver alguns vídeos no youtube sobre o assunto.

Não passe vergonha achando que lendo alguns livros ou vendo alguns vídeos, você chegou a uma conclusão perfeita e correta, e que milhares de experts que se dedicaram somente a este estudo ao longo de décadas, estão errados.

Se você tem uma doença, procura um médico. Se quer construir um prédio, procura um engenheiro. Se seu carro deu problema, procura um mecânico. Por que você acha que, ao se tratar da história seria diferente? Por que você não precisaria do profissional da área, ou até pior, por que você acharia que entende mais do que o próprio profissional?

Sim, existem alguns "profissionais" que não se encaixam nisso, historiadores e arqueólogos que são mais "pseudistas" que um leigo no assunto, porém, como sabemos, estas são exceções á regra, e elas acontecem em todas as áreas, inclusive nas citadas anteriormente, como medicina, engenharia e afins, por isso, é seu dever analisar os trabalhos deles de acordo com os resultados, e isso também deve ser feito na área histórica.

Em resumo, é seu dever pesquisar o que você se interessa, pelo menos ao ponto de ter conhecimento para gerar o senso crítico que lhe ajudará a saber se você está falando com um historiador profissional e embasado de verdade, ou se está falando com um "tio" pseudopesquisador da internet.


Siga minha página: @Contextologia no Instagram, onde publico pesquisas e curiosidades históricas.


1 Comment


José Ribamar Dias
José Ribamar Dias
Apr 19, 2023

Sempre leio com atenção os artigos do Almanaque Arqueo- História, contudo, o presente artigo efetivamente passa ao largo de qualqur explicação ou conteúdo de maior envargadura sobre o tema, sendo sua tônica apenas de crítica. Na verdade o compreendi com um efetivo chancelando da obtusidade da arqueologia e historiadores tracionais diante de inúmeros achados (claro aqueles que levantam dúvidas sérias) cujas explicações acadêmicas nem de perto desmistificam a chamadas teorias conspiratórias, ao contrário, lhe dão maior impulso.

Com todo respeito, e em um exemplo simplório para não nos estendermos por demais nos inúmeros que existem , tem-se os megalitos de BaalbeK (noroeste do Líbado perto de Beirute), de proporções gigantescas (datados de aproximaamente 9.000 a.c - com 1.650 toneladas,…


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