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Reescrevendo a História da Escrita: Nova Descoberta com 120 mil anos de Idade

Embora cientistas, arqueólogos e historiadores suponham e levantem hipóteses há muito tempo que gravuras em pedras e ossos têm sido usadas como uma forma de simbolismo que remonta ao período paleolítico médio (250.000-45.000 ac), as descobertas para apoiar essa teoria são extremamente raras.

Primórdios da Escrita com mais de 120 mil anos de idade
Foto: Marion Prévost

Uma nova descoberta lança luz sobre a história humana dos símbolos e primórdios da escrita. Recentemente, 2022, arqueólogos da Universidade Hebraica e da Universidade de Haifa, juntamente com uma equipe do Le Centre National de la Recherche Scientifique, da França, descobriu evidências do que pode ser o uso mais antigo conhecido de símbolos como iconografia alegórica de representação com significados específicos, tal como se fossem os primeiros rabiscos da humanidade rumo ao desenvolvimento da escrita. E não estamos falando dos ossos de Gobekli Tepe e suas marcações com aproximadamente 10 a 12 mil anos de idade. Mas sim os símbolos encontrados em um fragmento de osso na região de Ramle, no centro de Israel, e acredita-se que tenham aproximadamente 120.000 anos.


Sim, são cento e vinte mil anos de idade, cem mil anos a mais do que a descoberta mais antiga até então. Notavelmente, o fragmento permaneceu praticamente intacto e os pesquisadores dos projetos envolvidos e citados acima conseguiram detectar seis gravuras semelhantes em um lado do osso, levando-os a deduzir que estavam em posse de algo com significado simbólico e/ou espiritual.


A descoberta que foi recentemente publicada na revista científica Quaternary International foi descoberta em um tesouro de ferramentas de pederneira e ossos de animais expostos em um local durante escavações arqueológicas.


O Dr. Yossi Zaidner do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica, Israel, diz que o local provavelmente foi usado como acampamento ou ponto de encontro para caçadores do período paleolítico que, então, caçavam, capturavam e conduziam os animais até aquele local para matavam, ou conduziam a presa já morta até lá para enfim aproveitar pele, carne e demais frutos da caça. Acredita-se que o osso identificado tenha vindo de um grande gado selvagem extinto, uma espécie muito comum no Oriente Médio da época.


Usando imagens tridimensionais, métodos microscópicos de análise e reprodução experimental de gravuras em laboratório, a equipe conseguiu identificar seis gravuras diferentes que variam de 38 a 42 milímetros de comprimento. A Dra. Iris Groman-Yaroslavski, da Universidade de Haifa, explicou: “Com base em nossa análise de laboratório e descoberta de elementos microscópicos, pudemos supor que as pessoas nos tempos pré-históricos usavam uma ferramenta afiada feita de pedra de sílex para fazer as gravuras”.


Os autores do artigo enfatizam que sua análise deixa muito claro que as gravuras foram de forma definitiva feitas intencionalmente pelo homem e não poderiam ter sido o resultado de atividades de abate de animais ou processos naturais ao longo dos milênios. Eles apontaram para o fato de que as ranhuras das gravuras descobertas são em forma de U clara e largas, e profundas o suficiente para que não possam ter sido feitas por nada além de humanos com a intenção de esculpir linhas no osso.


A análise também foi capaz de determinar que o trabalho foi realizado por um artesão destro em uma única sessão de trabalho.


A Sra. Marion Prévost, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica, diz que todas as indicações eram de que existia uma mensagem definida por trás do que foi esculpido no osso. “Rejeitamos qualquer suposição de que esses sulcos fossem algum tipo de rabisco inadvertido. Esse tipo de arte não teria visto esse nível de atenção aos detalhes.”


Então, qual era a mensagem por trás das seis linhas no osso? Os autores da pesquisa declaram: “Esta gravura é muito provavelmente um exemplo de atividade simbólica e é o modelo mais antigo conhecido dessa forma de mensagem que foi usada no Levante. Nós hipotetizamos que a escolha desse osso em particular foi relacionada ao status desse animal naquela comunidade de caçadores e é indicativo da conexão espiritual que os caçadores tinham com os animais que matavam.”


O Dr. Zaidner complementou: “É justo dizer que descobrimos uma das mais antigas gravuras simbólicas já encontradas na Terra – e certamente a mais antiga do Levante. Esta descoberta tem implicações muito importantes para a compreensão de como a expressão simbólica se desenvolveu em humanos. Ao mesmo tempo, embora ainda não seja possível determinar o significado exato desses símbolos, esperamos que a pesquisa contínua revele esses detalhes importantes”.


Sim, depois dessa descoberta Yuval Noah Harari terá que corrigir um detalhe em seu livro Saphiens, onde coloca a revolução cognitiva em tempos mais recentes que os 120 mil anos de idade dessa demonstração de comunicação por símbolos pré-determinados que podemos até especular ser um primórdio do que um dia viria a ser a escrita, dezenas de milênios depois.


FONTES:

Revista Científica Quaternary International

Pesquisas e Estudos: Universidade Hebraica de Jerusalém

Crédito da imagem do cabeçalho: Marion Prévost

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